quarta-feira, 13 de abril de 2011

O novo Pai

"Durante décadas, o debate teve apenas um lado: o balanço entre as vidas familiar e profissional era gerida, quase a solo, por mulheres. 

Mas os tempos mudaram e agora os homens ocupam um lugar cimeiro no quotidiano familiar, aprendendo a gerir a pulso a vida profissional e a vida doméstica. Os novos estudos indicam que actualmente os pais lutam tanto como as mulheres para corresponderem às responsabilidades em casa e no escritório. Por isso a análise científica aos casais que dividem tarefas familiares indica que os homens ficam tão ansiosos como as mães no que toca ao cuidado com a casa e com a educação dos filhos. O estudo "The new dad" ("O novo pai"), apresentado pelo Boston College, sugere que a nova visão parental inclui uma maior pressão no local de trabalho, que exclui o reconhecimento das responsabilidades familiares e a fraca influência dos pais na educação dos filhos.

Os pais também parecem mais insatisfeitos e infelizes que as mães na tarefa de gestão familiar: 59% dos pais analisados revelavam sinais de viver um "conflito trabalho-família", um número muito superior ao das mães (45%) com o mesmo tipo de problema. "Os homens enfrentam as mesmas dificuldades que as mulheres tinham nos anos 70: como ser um bom pai e um bom profissional?", explica Joan Williams, da Universidade da Califórnia. "O problema é novo para os homens e aos olhos deles parece muito maior do que poderia parecer aos das mulheres", conclui Ellen Galinskm, do Instituto da Família e do Trabalho."


Em jeito de desafio bloguístico e opinando sobre o artigo acima, deixo o meu testemunho tendo como base o exemplo cá de casa.

Os pais de hoje em dia estão de facto diferentes e melhorados aos de outros tempos. Não que tenha razões de queixa do meu. Também sempre foi um pai presente e participativo. 

O pai de hoje (ou o novo pai como lhes chamam no artigo) sabe que o seu papel de pai não pode ser confundido com o de profissional, não basta aquela visão de outros tempos que um bom pai é o que traz dinheiro para casa, que sustenta a família mas vive muitas vezes alheado do que se passa dentro de casa. O novo pai tenta ser um pai presente, carinhoso, activo na educação dos filhos. O pai de hoje fica em casa com um filho doente se for preciso, vai com ele ao médico ou à reunião da escola.

Pode-se dizer que hoje em dia lidam até com mais preconceito que as mães em algumas situações, como o faltar para ficar com um filho, o gozar a licença de  parentalidade.  A entidade patronal ainda acha "estranho". 
O cá de casa é um "novo pai" que brinca com as filhas, que leva a mais velha à escola todos os dias e que lhe dá banho quando chega a casa. Que sofre quando está fora em trabalho e a quem a filha entrega uma foto de família para se lembrar de nós, que telefona várias vezes para saber como dormiram, se estão bem, para falar com elas.

Há uns tempos atrás a sua disponibilidade era bem maior que a minha e era ele que ia buscar a filha à escola (ainda era filha única), dava banho, adiantava jantar e brincava com ela até eu chegar. Sabe fazer (quase) tudo em casa. Não significa isto que gostasse/goste (e quem gosta?) mas a necessidade aguça o engenho e muitas vezes me surpreendeu. Entretanto os papeis inverteram-se, a disponibilidade dele diminui e a minha aumentou, já não "ajuda" tanto e passa mais tempo fora de casa. Mas a filha mais velha só a ele pede o leite antes de dormir. Só chama o pai na hora de ir ao banho. Sabe que o pai dança com ela ao som de música aos berros (enquanto eu estou sempre a mandar pôr mais baixo) e têm letras adaptadas a várias canções! A pequenita vibra quando ouve a porta abrir e quando o pai lhe dá colo ao final do dia. 

Mas ainda assim e, concordando com o artigo quase na integra, continua a ser mais fácil para um homem conciliar a vida profissional e familiar. Quer pela sociedade quer pela própria natureza humana. Mas pode ser que isto venha a mudar, pode ser...

Mais sobre o mesmo:

Em estado puro

Redonda ou quadrada

A mãe que capotou

Gralha dixit

4 D

7 comentários:

Carla R. disse...

Sabes, que aqui por terras gaulesas a licença de paternidade, se calhar, vai começar a ser obrigatoria, por causa das tosses. Assim não ha preconceitos, gozam todos, independentemente da entidade patronal ou do olhar dos colegas. Ha quem não goste da palavra "obrigação", mas, neste caso, estou disposta a abrir uma excepção, pelos pais, pelas mães, pelos filhos. Ora bolas, por todos !

sofia disse...

Não fazia ideia, mãe que capotou! e concordo, saíriam todos a ganhar com isso
Marta, esses rituais pai-filha(s) fazem todo o sentido e são a prova de que os pais sabem criar o vinculo com as suas amostrinhas de gente mais que tudo
Beijinhos

Madame Pirulitos disse...

Mas aqui é obrigatória... por 10 dias!!

E Martinha, onde é que eu estou?? Olha que o EstadoPuro tem de constar daquela listinha (pronto, lá estou eu a dar odens. Upsss).

Eu neste momento queria apenas que o meu tivesse um melhor horário. O meu pai é médico e sempre foi médico e sempre teve horários do caraças. Fazia quando tinha 22, 23 anos, 24, 25... e depois foi deixando de fazer. E eu nunca percebi se a falta de tempo também encobria a vontade de não fazer. Assim sempre juntam o útil ao agradável.

O meu marido tem esses rituais todos. Com os filhos nem tenho muitas preocupações. Onde tem que ser sempre direccionado é para as outras tarefas. Felizmente temos uma senhora a fazer as manhãs e isso alivia imenso o nosso trabalho.

Marta disse...

Não coloquei o teu por ser private ;)
Pois é, cá também há os dias obrigatórios mas ainda assim há quem trabalhe esses dias.
Concordo com o que dizes que a falta de tempo encobre a falta de vontade. E a verdade é quanto menos se faz menos se tem vontade de fazer.

Madame Pirulitos disse...

:):)

Beijinhosssss

**SOFIA** disse...

a tua realidade é em mutio parecida com a minha. ora um tem mais disponibilidade ora tem o outro.
a vontade de alaguém ser bom pai ou mãe vem de dentro, não há ninguém que goste de dobrar meias ao serão, mas são coisas que têm que ser feitas e eles também as fazem.

eu acredito que a sociedade vai melhorar, porque tem mesmo de acontecer!

;))

cristina disse...

Ora está um excelente post !
Tenho um marido que passa muito tempo fora e isso obriga que eu esteja sempre presente , leva-la , busca-la , jantar , banho.
Quando ele está ajuda , mas sabe sempre muito a pouco. Gostava muito de ter que ele fosse um Pai mais presente. Mas o trabalho assim o obriga...