Chegamos. Preciso de conversar com a senhora da recepção.
Beatriz: Quero colo!
Eu: Já vai.
Vou a meio da primeira frase.
Beatriz: QUERO COLO!
Tenho que pegar nela para evitar um escândalo.
Entramos no balneário. 40 graus à sombra! Não se aguenta.
Eu: Inês despe-te. Beatriz, não fujas!
Inês faz tudo menos despir-se. Beatriz faz tudo menos estar quieta.
Finalmente Inês equipada e Beatriz ainda debaixo de olho. Pego na mais nova ao colo (para não escorregar no molhado) e levo a mais velha até à entrada para a piscina.
Beatriz: Chão!
Eu: Não, está molhado.
Beatriz: A Nini 'tá no chão.
Eu: A Nini está de chinelos e vai para a piscina.
Beatriz: TAMBÉM QUERO CHINELOS!
Eu bufo! Continuamos à espera da monitora.
Beatriz: Chão!
Eu: Não!
Beatriz: CHÃO!
Eu: Não!
Finalmente chega a monitora. Mais velha entregue por 40 minutos. Missão: entreter a mais nova durante esse tempo.
Vamos até ao bar da piscina. Lanchamos. Levanta-se uma dúzia de vezes, circula pelo bar mas já nem quero saber. Estou por tudo. Fala alto. Mando falar mais baixo vezes sem conta. Respiro fundo quando olho para o relógio e já passaram 35 minutos. Voltamos ao balneário.
Preparo a roupa, pego na toalha e no champô. Espero que a mais velha saia da piscina (novamente com a mais nova ao colo).
A Inês aparece. Esperamos por vaga no chuveiro. A Beatriz não pára quieta e espreita todos os chuveiros.
Há vaga. Dou instruções à Beatriz para se manter atrás de mim enquanto ajudo a Inês a ensaboar-se e esfregar o cabelo. Olho para trás, nada de Beatriz. Atiro com o champô para o chão e desato a correr pelo balneário. Não a vejo à primeira nem à segunda, começa a crescer aquele pânico. Ninguém reage. Nenhum adulto ou criança me ajuda, me diz onde ela está ou mostra qualquer preocupação (juro que não entendo!). Finalmente vejo-a encostada a uma parede, já ao fundo do balneário, a observar uns miúdos. Pego-lhe pelo braço. Volto a repetir que não pode sair da minha beira. Bla bla bla.
Volto ao chuveiro. Passo a toalha à Inês. Voltamos para vestir. Ela parece uma ventoínha, olha em todas as direcções, foca-se em tudo menos no processo de vestir e calçar.
Eu bufo! EU VISTO-TE!
Passamos à secagem do cabelo. Naqueles secadores maravilha que nada secam e o cabelo da Inês não é fino nem curto. Nisto a Beatriz volta a fugir. Corro atrás dela e já não a vejo. Grito o nome dela. Não responde. Espreito para todo o lado e nada de Beatriz. Volta a apoderar-se de mim aquela sensação horrível de pânico.
De repente ouço-a rir-se e uma porta de um cacifo abre-se. Sai de lá triunfante e sorridente.
Quase desfaleci.
Ainda tive que lutar para lhes vestir os casacos e fazer entrar no carro.
E em casa, já perto das 20h ainda me esperava o jantar por fazer. E o banho da Beatriz.
Quando eu me vir na cama...
Vai ser assim duas vezes por semana. Será que sobrevivo?